Hérnia Diafragmática
Visão lateral felino,
setas indicando o
diafragma.
Fonte: biosphera.org |
A hérnia diafragmática ocorre em função de um defeito (traumático ou teratológico = má formação congênita) no diafragma, o qual permite a passagem de vísceras que são de posição abdominal ao tórax, ou seja: é intercavitária. No caso das hérnias diafragmáticas traumáticas, a lateral esquerda é a mais acometida, pois o fígado localiza-se quase que em sua totalidade no quadrante abdominal cranial direito; assim acaba "absorvendo" o impacto, o que secundariamente protege essa lateral do diafragma.
O diafragma, estrutura muscular com um centro tendíneo, ao dividir as cavidades abdominal e torácica, permite a realização dos movimentos respiratórios, ao garantir e se movimentar durante a inspiração através da pressão negativa que existe no tórax.
Está citado na literatura que a correção cirúrgica da hérnia diafragmática demonstra melhor prognóstico quando ocorre após 24 horas da estabilização do paciente. O pior prognóstico concentra-se nas hérnias diafragmáticas operadas em menos de 24 horas da sua ocorrência ou um ano após.
Aí você deve estar se perguntando... "um ano após?" Isso mesmo! Incrivelmente alguns animais se adaptam com a situação e conseguem permanecer longos períodos "adaptados" com a condição que se estabeleceu. Nesses casos, o diagnóstico ocorre quando desestabilizam ou por um achado de imagem; durante exames de check-up ou na investigação de outras doenças.
No entanto, quanto mais antiga a hérnia, maiores são as aderências. Essas ocorrem entre os órgãos, não havendo uma lógica ou sequência para tal. Ás vezes, encontramos órgão aderidos ao saco pericárdico. Outras vezes a aderência é tão intensa que sua resolução só se completa após remoção de parte do órgão; tamanha é a lesão que ocorre ao ser desfeita. No caso de hérnias congênitas, normalmente, poucas aderências são encontradas.
Como o reajuste da condição de hérnia envolve o reposicionamento dos órgãos abdominais na cavidade abdominal, desfazer as aderências se torna necessário. No entanto, isso também gera outras consequências ao paciente, entre elas a síndrome de isquemia-reperfusão dos órgãos. Porém, riscos necessários para a correção.
Após a finalização do procedimento cirúrgico, é essencial a drenagem fechada da cavidade torácica para o restabelecimento da pressão negativa.
Acompanhe nosso caso recente de hérnia diafragmática em felino jovem. Desde que foi adotado, não teve históricos de trauma. O diagnóstico ocorreu quando o animal iniciou com quadros súbitos de dispnéia em repouso. Observe a radiografia torácica:
Radiografia Látero-lateral esquerda
Observe as vísceras abdominais invadindo
o tórax.
Imagem Dr. Guilherme da Silva Proença
Vísceras abdominais invadindo
o tórax.
Imagem Dr. Guilherme da Silva Proença
01 02 03 |
Imagem 01: defeito diafrágmático - anel.
Imagem 02: reposicionamento dos órgão abdominais na cavidade abdominal. Sendo: número 1 baço; número 02 intestino delgado. Seta: baço sendo movimentado através do defeito diafragmático.
Imagem 03: aspecto da sutura sendo realizada.
Fonte: arquivo fotográfico Centro Cirúrgico Pet Health :: Cirurgia Veterinária Especializada.
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