Fenda Palatina Congênita

foto de paciente humano
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      Fenda palatina ou defeito palatal são uma comunicação anormal entre as cavidades oral e nasal ou oral e seio maxilar. Os defeitos palatais podem ser congênitos (quando o paciente já nasce com) ou adquiridos durante a vida. Quando congênito, fique atento, pois por mais que esteja presente desde o nascimento, muitas vezes são percebidos mais tarde.

     Anatomicamente, dividimos o palato em duas porções: primário e secundário, com base na papila incisiva (identificada na foto pela letra “A”).

   Cranial a papila incisiva denomina-se palato primário, constituído por lábio, pré-maxila e crista alveolar dos incisivos. Quando seu fechamento durante a gestação é incompleto, ocorre o lábio leporino, também chamado de lábio fendido. Pode ser uni ou bilateral e sua correção é muito mais por motivos estéticos que funcionais.

lábio leporino bilateral

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lábio leporino unilateral
HETTE e RAHAL, 2004.

   Caudal a papila incisiva, entre ela e o foram palatino, está o palato secundário, constituído por palato duro (PD) e palato mole (PM). A oclusão incompleta dessas prateleiras palatinas durante a gestação, resulta na fenda palatina. Essa poderá ser completa (quando envolve PD e PM) ou parcial (PD).

Fenda Palatina Parcial

     As fendas congênitas apresentam maior incidência em cães de raça com destaque os braquicéfalos, gatos siameses e, em relação a predisposição sexual, parece ocorrer mais em fêmeas. Como parecer ter característica hereditária, esses animais devem ser castrados.

    A ocorrência combinada de lábio leporino e fenda de palato secundário é comum, sendo rara a ocorrência isolada do lábio leporino; mas pode ocorrer. Mesmo que se apresentem juntos, são anomalias distintas, pois acontecem em diferentes estágios de desenvolvimento da gestação.

    Diversas possibilidades são listadas como causas da fenda palatina congênita. Recebem destaque os fatores hereditários, nutricionais (deficiência de ácido fólico, excesso de vitamina A e D), fatores hormonais, medicamentos, fatores mecânicos como traumatismos intra-uterino, tóxicos e a infecção por Toxoplasma gondii. 

fenda palatina completa

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   Em relação as fendas adquiridas, elas acontecem por trauma, doença dentária, ferimentos por mordedura ou arma de fogo, choques elétricos, penetração por corpo estranho e neoplasia dos ossos que compõem o palato secundário (incisivo, maxila e palatino).

    Os sinais apresentados são de dificuldade de mamar, regurgitação nasal, falha no desenvolvimento e crescimento, infecção respiratória, drenagem de leite pelas narinas durante a mamada ou logo após, tosse, engasgos e espirros.

    O diagnóstico se dá pela união do relato do quadro clínico pelo proprietário e a inspeção da cavidade oral do paciente durante o exame físico. Mesmo assim, é importante fazer a diferenciação dos casos de rinite, pneumonia ou presença de corpo estranho nasal.

  De maneira geral, pacientes que nascem com fenda, precisam passar por cirurgia reconstrutiva, cujo objetivo é a reconstrução do assoalho nasal. Não ocorre cicatrização espontânea! Muitos que não são submetidos ao procedimento cirúrgico corretivo, vêm a óbito. Diferente do que ocorre nas fendas adquiridas, onde pode ocorrer cicatrização por segunda intenção.

   De qualquer forma, alguns cuidados devem ser tomados antes da cirurgia propriamente dita. Como auxílio a alimentação, seja por mamadeira ou colocação de sonda esofágica. Por trata-se de pacientes neonatos, havendo necessidade de aguardar mínimo desenvolvimento para a correção cirúrgica, o aporte nutricional é importante. No pré operatório, ainda se realiza o tratamento da infecção respiratória, quando presente e outras vezes, a coleta de secreção para cultivo e antibiograma.

   Conforme a preferência do cirurgião, o tratamento corretivo pode ocorrer entre 3 a 6 meses de vida. Os autores que defendem a cirurgia aos 6 meses de idade, baseiam-se no fato de que antes disso, o paciente apresenta tecidos mais friáveis, além de que a maxila ainda está em desenvolvimento.

     A escolha da técnica operatória depende das características da fenda e da preferência do cirurgião. De qualquer forma, o conhecimento anatômico das estruturas envolvidas é indispensável e crucial para o resultado final. Algumas vezes, é necessário mais de um procedimento para a correção completa.

Paciente em 24h pós operatórias
com sonda esofágica.

  Após a cirurgia, os cuidados continuam. A alimentação deverá seguir por sonda esofágica ou alimento pastoso, além do tratamento medicamentoso que visará impedir a contaminação e promover analgesia no paciente.

    Complicações podem ocorrer, como em qualquer intervenção cirúrgica. Destacam-se a deiscência (abertura dos pontos e consequentemente da fenda) e a cicatrização incompleta. Quando um novo procedimento for necessário, um intervalo entre eles deve ser respeitado. O intervalo varia de 1 a 4 meses, conforme os autores consultados. Porém, todos eles corroboram no sentido de que o período é importante para a reconstituição tecidual, seja por readquirir força nos tecidos e revascularização.

   Conforme novas intervenções se tornam necessários, maiores são as chances do resultado final ser inadequado. Por isso a importância de consultar um Médico Veterinário em qual você confie. Ele poderá expor todos os prós e contras dessa cirurgia e lhe auxiliará na tomada da decisão correta.

Paciente 1 ano após o procedimento cirúrgico.

                                                     

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Agradecimentos: J. Cannavon