“Quando eu engravidar vou ter que doar meu gato?”

A toxoplasmose é uma doença que preocupa as futuras mães que não são sorologicamente positivas a doença. 


            A toxoplasmose é causada por um protozoário, o Toxoplasma gondii, o qual infecta quase todos os mamíferos, onde 30 % dos gatos e 50% dos humanos são sorologicamente positivos para doença, o que não significa estarem doentes. A maioria dos animais positivos é assintomático, porém, podem desenvolver a doença quando passarem por alterações em seu sistema imunológico.
            Os felinos são hospedeiros definitivos desse protozoário, ou seja, apenas neles o agente consegue se reproduzir de forma sexuada, resultando na eliminação de oocistos pelas fezes.
            Nos gatos ocorre transmissão transplacentária e durante a amamentação, mas também podem se contaminar ao ingerirem carne crua, água contaminada ou contatarem com as fezes de um hospedeiro intermediário, como um roedor ou até carrear fezes de outro gato positivo. Na condição de portadores, eliminam os oocistos com as fezes por alguns dias após terem sido inoculados. Esses oocistos conseguem permanecer no meio ambiente por meses a anos. Os cães não eliminam oocistos.
            Assim que são eliminados os oocistos ainda não tiveram contato por um período suficiente com o oxigênio para esporularem, isso significa que não são infectantes. É necessário, em média, de 24 a 72 horas para que isso ocorra. Logo, é improvável a infecção humana por contato direto com fezes frescas de gatos.
            Gatos saudáveis não apresentam resíduo fecal aderido na região perianal. Mesmo com seus hábitos de limpeza por lambedura, não é encontrado matéria fecal na pelagem de gatos clinicamente normais. Logo, é mínima a chance de infecção ao acariciar seu animal
            Os humanos e os cães se contaminam ao terem contato com oocistos, que ocorre através das fezes do gato, água contaminada, ingestão de carne crua ou mal passada, ingestão de verduras inadequadamente lavadas etc.
            Apenas 0,5% das mulheres se torna portadora durante a gravidez, período crítico que poderá provocar alterações no feto. Mas, diferente daquilo que se fala, a exposição da mulher grávida aos gatos não constitui a via mais comum de adquirir a doença. A forma mais comum de infecção é através do consumo de carnes mal passadas com cistos do parasita. Porém, esses cistos não resistem a temperaturas de 67ºC de cozimento, salga, cura ou congelamento.
            A sorologia é um exame complementar ao diagnóstico utilizado, pois o resultado positivo de seu animal não indica doença, pois existem portadores saudáveis e assintomáticos, assim como existem felinos que desenvolveram a doença, desenvolveram imunidade e essas alterações passaram despercebidas pelos seus proprietários. A sorologia deverá ser avaliada em conjunto com o exame clínico do paciente, além de outros exames, para somente então se chegar ao diagnóstico definitivo.
            Evitar a exposição aos gatos não significa evitar possível exposição aos oocistos, devido a todas outras fontes de contaminação. Ou seja, desfrute da companhia de seu animal também nesse momento especial de maternidade. No entanto, tenha cuidado para:
- ingerir carne bem cozida
- lavar adequadamente os vegetais antes do consumo
- manipular a terra/jardim com luvas
- limpar e lavar com frequência a caixa sanitária de seu gato diariamente
- evitar leite de cabra sem processamento industrial
- beber água de fonte confiável
- não incentivar o hábito de caça
- não alimentar os animais com carne crua
- lavar as mãos após manipulação de carne
- controlar insetos (que podem contaminar diretamente os alimentos e servir de fonte contaminante)


base da bibliografia consultada
Consulta Veterinária em 5 minutos
Medicina Interna de Pequenos Animais – Nelson e Couto.
O paciente felino – Norsworthy et al.
Coletâneas em Medicina e Cirurgia Felina – Justen.

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